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A Cia. Fábrica de Sonho, de São José do Rio Preto/SP, apresenta, em Bebedouro-SP, o espetáculo teatral para jovens "Auto da Barca do Inferno", de Gil Vicente, com texto e direção de Jorge Vermelho.
O Auto da Barca do Inferno tem como cenário fixo duas embarcações, num porto imaginário para onde vão as almas no instante da morte. Cada barca possui um comandante, a do Paraíso, um Anjo; a do Inferno, um Diabo, que conta com um Companheiro. A ação da peça desenvolve-se a partir da chegada dos personagens, que um a um desfilarão por esse porto, procurando encontrar passagem para a vida eterna. Serão julgados pelo que fizeram em vida. O Diabo e o Anjo acusam, mas só o Anjo pode absolver. Em seguida, são encaminhados as barcas.
Montagem
A linguagem é o veículo que Gil Vicente melhor explora para conseguir efeitos cômicos ou poéticos. A estrutura cênica do teatro vicentino apresenta enredos muito simples. Provavelmente as peças do teatrólogo eram encenadas no salão de festas do castelo real. O teatro de Gil Vicente não segue a lei das três unidades básicas do teatro clássico (Grego e Romano) ação, tempo, espaço.
A ideologia das obras vicentinas apresentam sempre o confronto entre a idade Média e o Renascimento ou Medievalismo.
Colocar o público jovem diante destas informações estéticas, contribui para sua formação e construção de senso crítico.
Para tanto, é preciso estabelecer limites entre a obra literária e a obra teatral, para que o teatro não diminua a importância da obra de Gil Vicente enquanto literatura.
Buscaremos a valorização da estrutura simples que propõe Gil Vicente com suas personagens representativas. O texto é um Auto onde o barqueiro do inferno e o do céu esperam à margem os condenados e os agraciados. Os que morrem chegam e são acusados pelo Diabo e pelo Anjo, mas apenas o Anjo absolve.
O texto do Auto é escrito em versos rimados, fundindo poesia e teatro, fazendo com que o texto, cheio de ironia, trocadilhos, metáforas e ritmo, flua naturalmente. Faz parte da trilogia dos Autos da Barca (do Inferno, do Purgatório, do Céu).
Os membros da Igreja são alvo constante da crítica vicentina. É importante observar, no entanto, que o espírito religioso presente na formação do autor, jamais critica as instituições, os dogmas ou hierarquias da religião, e sim os indivíduos que as corrompem.
Acreditando na função moralizadora do teatro, colocou em cenas fatos e situações que revelam a degradação dos costumes, a imoralidade dos frades,a corrupção no seio da família, a imperícia dos médicos, as práticas de feitiçaria, o abandono do campo para se entregar às aventuras do mar.
Diante deste quadro exposto e real, facilmente podemos aproximar o conteúdo do "Auto da Barca do Inferno" aos dias atuais, onde personagens tipificadas e representativas desfilam em nosso dia-a-dia.
Devemos exercitar a idéia definirmos o destino e avaliar as ações dos que nos cercam. Hoje, a Barca do Inferno teria muito o que carregar.
O espetáculo será no dia 19 de maio, no Teatro Municipal, às 20h.
Participem!
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